Um equipamento que chega para equilibrar as estruturas
Lá pelos idos da década de 50, quem poderia imaginar a quantidade de pessoas e volume de carros que se atingiria na virada do século. Na época, a construção civil começou a projetar grandes obras, apoiadas na capacidade técnica da engenharia nacional e nos avanços conseguidos. Pontes em concreto armado, viadutos, estádios de futebol e os ditos arranha-céus, começaram a surgir nos grandes centros urbanos, demonstrando que o país contava com tecnologia comparável à dos países europeus.
Projetados para varar o século XX, muitos começam a apresentar problemas em suas estruturas, atualmente submetidas a cargas e tráfego de veículos que dificilmente seriam previstos há mais de 40 anos. No caso dos estádios, nenhum deles foi projetado para apresentação de shows musicais, que transmitem impacto rítmico durante longo tempo, abalando seu conjunto. Some-se ao fato a ausência de manutenção, principalmente de pontes e viadutos, a maioria deles recebendo apenas uma pintura de vez em quando, para a impressão de que são cuidados. Basta lembrar o recente caso da Ponte dos Remédios para se ter uma idéia do resto.
Acompanhando os problemas que vinham surgindo com maior frequência em obras nacionais, o Grupo ETEP, através da IEME Brasil, firmou um acordo com o Instituto Sperimentale Modelli e Strutture, da Itália, para aplicar no Brasil sua tecnologia de dinâmica de estruturas, desenvolvida desde 1947.
“Através de um equipamento chamado Vibrodina, simula-se vibrações transmitidas à estrutura da obra. Os efeitos são registrados por uma rede de sensores que envia os sinais a um sistema chamado ISA – Ismes Signal Analysis”, explica Liana Becocci, engenheira responsável da IEME. Os registros recebidos transformam-se em informações técnicas que servirão de análise e proposta de solução.
Um dos locais onde o simulador permitiu uma solução inovadora foi no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, que vinha apresentando problemas de vibração nas arquibancadas. O ensaio dinâmico realizado pela Vibrodina levou à instalação de um conjunto de molas e amortecedores que aliviam o impacto, evitando o comprometimento da estrutura. Fora a redução de custos, a solução impediu que obras de reforço prejudicassem o projeto original do estádio. A mesma tecnologia vem sendo proposta no Estádio do Parque Antárctica. Os serviços da IEME vêm sendo requisitado para análise de várias pontes, entre elas a que passa sobre o rio Guandu, na rodovia Presidente Dutra. Nela, a tecnologia permitiu uma economia de 51% em obras de recuperação e mostrou que a ponte é capaz de se adequar às exigências das normas atuais. A tecnologia pode ser aplicada em obras e edifícios de qualquer porte, sendo que muitas vezes o simples monitoramento leva à solução do problema.
“No momento, várias indústrias têm feito consultas para verificar a vibração que pode ser aplicada em suas instalações”, diz Liana. Além de clientes diretos, a IEME presta serviços a empresas de projetos que utilizam os ensaios produzidos pelo equipamento para propor novas soluções a seus clientes.
Marilda Rodella
REVISTA OESP – CONSTRUÇÃO – Set/Out. – 1998 – nº19
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