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Um equipamento que chega para equilibrar as estruturas

Lá pelos idos da década de 50, quem poderia imaginar a quantidade de pessoas e volume de carros que se atingiria na virada do século. Na época, a construção civil começou a projetar grandes obras, apoiadas na capacidade técnica da engenharia nacional e nos avanços conseguidos. Pontes em concreto armado, viadutos, estádios de futebol e os ditos arranha-céus, começaram a surgir nos grandes centros urbanos, demonstrando que o país contava com tecnologia comparável à dos países europeus.

Projetados para varar o século XX, muitos começam a apresentar problemas em suas estruturas, atualmente submetidas a cargas e tráfego de veículos que dificilmente seriam previstos há mais de 40 anos. No caso dos estádios, nenhum deles foi projetado para apresentação de shows musicais, que transmitem impacto rítmico durante longo tempo, abalando seu conjunto. Some-se ao fato a ausência de manutenção, principalmente de pontes e viadutos, a maioria deles recebendo apenas uma pintura de vez em quando, para a impressão de que são cuidados. Basta lembrar o recente caso da Ponte dos Remédios para se ter uma idéia do resto.

Acompanhando os problemas que vinham surgindo com maior frequência em obras nacionais, o Grupo ETEP, através da IEME Brasil, firmou um acordo com o Instituto Sperimentale Modelli e Strutture, da Itália, para aplicar no Brasil sua tecnologia de dinâmica de estruturas, desenvolvida desde 1947.

“Através de um equipamento chamado Vibrodina, simula-se vibrações transmitidas à estrutura da obra. Os efeitos são registrados por uma rede de sensores que envia os sinais a um sistema chamado ISA – Ismes Signal Analysis”, explica Liana Becocci, engenheira responsável da IEME. Os registros recebidos transformam-se em informações técnicas que servirão de análise e proposta de solução.

Um dos locais onde o simulador permitiu uma solução inovadora foi no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, que vinha apresentando problemas de vibração nas arquibancadas. O ensaio dinâmico realizado pela Vibrodina levou à instalação de um conjunto de molas e amortecedores que aliviam o impacto, evitando o comprometimento da estrutura. Fora a redução de custos, a solução impediu que obras de reforço prejudicassem o projeto original do estádio. A mesma tecnologia vem sendo proposta no Estádio do Parque Antárctica. Os serviços da IEME vêm sendo requisitado para análise de várias pontes, entre elas a que passa sobre o rio Guandu, na rodovia Presidente Dutra. Nela, a tecnologia permitiu uma economia de 51% em obras de recuperação e mostrou que a ponte é capaz de se adequar às exigências das normas atuais. A tecnologia pode ser aplicada em obras e edifícios de qualquer porte, sendo que muitas vezes o simples monitoramento leva à solução do problema.

“No momento, várias indústrias têm feito consultas para verificar a vibração que pode ser aplicada em suas instalações”, diz Liana. Além de clientes diretos, a IEME presta serviços a empresas de projetos que utilizam os ensaios produzidos pelo equipamento para propor novas soluções a seus clientes.

Marilda Rodella
REVISTA OESP – CONSTRUÇÃO – Set/Out. – 1998 – nº19

Pacaembu passa por testes de vibração na estrutura do Tobogã

Entrevista do diretor Marco Juliani ao SPTV, da Rede Globo, em 2018.

O video mostra o funcionamento do Vibrodina no Estádio do Pacaembu, que passou por testes de vibração na estrutura do Tobogã.

Assista abaixo a matéria completa.

 

 

WebTranspo: tecnologia pode minimizar poluição sonora do Metrô

Por: Redação Webtranspo / Marco Garcia

Muito se fala sobre o trânsito caótico e a ausência de um transporte coletivo eficiente na cidade de São Paulo. Painéis, encontros e palestras são e já foram realizados para descobrir um método que amplie a mobilidade na maior cidade brasileira. Os resultados dos debates apontam para um sistema metroviário que avance pelos quatros cantos da metrópole. Entretanto, a tarefa não é tão simples assim. Nela estão envolvidas muitas questões que às vezes fogem da competência da empresa que está à frente das obras. Dois desses problemas são os ruídos e vibrações da linha de metrô que futuramente causarão transtornos aos moradores e trabalhadores de casas e empresas instaladas ao longo do trajeto das composições.

Pensando nisso, a IEME Brasil Engenharia Consultiva, que atua em projetos que atenuam as vibrações e ruídos no entorno das linhas férreas, desenvolveu a tecnologia VVP-IEME (Vibrações de Vias Permanentes), para eliminar problemas secundários causados à população vizinha á malha ferroviária. O sistema foi utilizado com sucesso nas arquibancadas do estádio Cícero Pompeu de Toledo, Morumbi, em 1996, para liberar o palco para as partidas, que haviam sido interrompidas pelo Contru (Departamento de Controle de Uso de Imóveis). De acordo com Liana Becocci, Diretora da IEME Brasil, o sistema está sendo aplicado em algumas linhas do Metrô de São Paulo, caso da Linha Verde, que por meio do VVP eliminou o incômodo das vibrações e ruídos em 15 quilômetros de trilhos.

Mapeamento

O método faz uso de técnicas experimentais que quantificam os efeitos produzidos pelo tráfego dos veículos sobre trilhos, mapeando primeiramente toda a região do entorno da linha para levantar os tipos de construções que existem na área. Tecnologia pode ser agregada a futuros projetos ferroviários Tal procedimento fornece informações importantes à construtora, como por exemplo identificar quais as áreas não podem ser afetadas por vibrações ou ruídos como hospitais e teatros. “Com o mapa em mãos, a empresa pode fazer uma programação detalhando que estrutura precisa atender primeiro e qual pode esperar um pouco mais; enfim, a principal vantagem é otimizar todos os problemas que a estrutura tem”. “Com a simulação, podemos conferir o grau de vibração que o Metrô repassa para as casas vizinhas, pois as linhas podem estar diretamente aplicadas no solo, e tal procedimento pode afetar as construções ou até mesmo comprometer as estruturas de pontes próximas. Vemos se esses ruídos estão excedendo os limites prescritos em normas legais”, relata Liana.

Amortecedores nos trilhos

Desta forma, a IEME colhe informações dos pontos críticos e repassa à empresa responsável, sugerindo inclusive a aplicação de um sistema de atenuação chamado “Massa mola”. Trata-se de um sistema composto por uma laje (massa) flutuante que apóia a fixação dos trilhos, em seguida a fixação do trem. Essa laje é interligada aos amortecedores (molas), que trabalham em conjunto para minimizar os efeitos das vibrações causadas pela passagem dos trens”, salienta Daniela Davi, Engenheira do IEME. A IEME gerencia as obras de instalações dos apoios e depois retorna aos pontos críticos para realizar testes práticos que verificam a eficácia do sistema antes que as linhas iniciem as operações.

A diretora afirma que a tecnologia pode ser aplicada em qualquer sistema ferroviário, inclusive pode ser estendido aos futuros projetos de TAV (Trem de Alta Velocidade) e VLT (Veículo Leve Sobre Trilho) e também aos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Vale destacar que a IEME não vende produtos. “Oferecemos apenas estudos e orientações que determinam os parâmetros e, a partir daí, o mercado é que tem que fabricar um produto que atenda as especificações. Fornecemos somente as características para a fabricação”, diz a executiva “Nosso trabalho é descobrir o problema, achar uma solução e indicar à empresa que tipo de produto pode ser utilizado para sanar os problemas”, completa.

A remoção das famílias

Por: Liana Becocci / Folha do Condomínio

As fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro nas últimas semanas revelaram o quanto pode custar a omissão dos governos em relação à ocupação desordenada do solo. O problema não é exclusividade do Estado fluminense. Construções irregulares (tanto casas populares como de classe média alta), muitas localizadas em áreas de risco ou de proteção ambiental, são parte da paisagem urbana em todas as regiões brasileiras.

São Paulo, a principal metrópole do país, tem cerca de 16% da sua população residindo em loteamentos informais, segundo levantamento da Fundação Seade de 2008. São mais de 1,7 milhão de pessoas, quase o mesmo que a população de capitais como Porto Alegre, Curitiba, Recife e Manaus, onde o problema também existe e é grave.

Como em episódios semelhantes, as autoridades públicas do Rio de Janeiro anunciaram planos ambiciosos de remoção das famílias que vivem nas áreas condenadas. A tarefa não será fácil, e os governantes têm consciência disso, tanto que costumam evitar essa ação por considerá-la impopular.

Tensões sociais podem, de fato, decorrer do deslocamento de pessoas, assim como a perda dos vínculos comunitários estabelecidos, do emprego e dos bens culturais. No entanto, esses impactos negativos podem ser mitigados, por meio de acompanhamento social eficaz e de processos que garantam a participação efetiva da comunidade. É o chamado gerenciamento social, que busca assegurar a remoção com dignidade.

A experiência confirma que a contrapartida do reassentamento realizado nessas bases compensa os possíveis custos, sejam eles sociais ou políticos. Os benefícios primeiros são a melhoria da qualidade de vida daquela população do ponto de vista das condições de habitabilidade; a regularização jurídica da situação das famílias, permitindo uma inserção social ampla, principalmente quando o deslocamento é acompanhado pelo planejamento urbano integral da nova área, com garantias de acesso a serviços de saneamento, transporte, saúde etc.

Outro ponto positivo é a possível geração de trabalho e renda durantes as obras, benefício este que pode ser estendido a comunidades próximas. Todo esse processo cria condições para evitar que novas ocupações clandestinas se estabeleçam.

Após a tragédia do Rio de Janeiro – e de outras que a antecederam, como a do Morro do Baú, em Santa Catarina, e a do Jardim Pantanal, em São Paulo, só para citar algumas das mais recentes – fica claro que o Estado não mais pode ignorar o problema da ocupação irregular. O reassentamento apresenta-se como uma solução imediata viável para a redução da vulnerabilidade social e urbana das vítimas, no entanto, devemos lembrar que a solução definitiva e estrutural para o problema passa por uma gestão eficiente do uso do solo e por políticas sociais mais eficazes.

*Liana Becocci é engenheira e diretora da Ieme Brasil, empresa de engenharia consultiva, com certificação ISO 9001/2000 em Gerenciamento Social e experiência consolidada em inúmeros trabalhos realizados para as prefeituras de São Paulo e Suzano, Dersa (Desenvolvimento Rodoviário), CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), entre outros clientes.

IEME Brasil monta laboratório para homologação de componentes ferroviários

Por: Redação Webtranspo

Em parceria com o Laboratório de Estruturas da Escola de Engenharia da USP São Carlos, a IEME Brasil Engenharia Consultiva está montando um laboratório de homologação de componentes metroferroviários de vias permanentes. Segundo a empresa, a homologação é um procedimento destinado a atestar se os componentes de determinado fabricante atendem aos requisitos técnicos e de qualidade.

No geral, o produto é submetido a condições reais de utilização para avaliar seu desempenho. No local, serão testados materiais elastoméricos e componentes de vias permanentes, como fixações, AMVs – aparelhos de mudança de vias e dormentes. No caso dos componentes de vias permanentes metroferroviárias, os testes são estabelecidos por órgãos normativos nacionais e internacionais.

“O laboratório será o primeiro do Brasil a realizar ensaios estáticos e dinâmicos definidos em normas técnicas internacionais em materiais para atenuações de vibrações em vias metroferroviárias, testes esses antes feitos apenas fora do País”, conta Marco Juliani, engenheiro e diretor da IEME Brasil.

Estruturas dos Estádios da Copa são tema de palestra

Por: Joana Pellerano /Portal 2014

Até os anos 1950 os torcedores do futebol assistiam aos jogos de terno e gravata, sentados tranquilamente, e vibravam (ou pulavam) apenas numa jogada mais forte ou num gol daqueles de Didi, Pelé ou Garrincha. A partir dos anos 1970, a “galera” passou a ter uma participação muito mais ativa no espetáculo, em coreografias que reúnem milhares de pessoas saltando ao mesmo tempo, às vezes durante todo o jogo.

Mas essa vibração pode ser perigosa se a estrutura da arena não estiver preparada para aguentá-la. Uma forma de prevenir acidentes é analisar o comportamento dinâmico das arquibancadas, definindo qual é a vibração que ela precisa suportar e como adequá-la para cumprir essa missão. Esse é o tema da palestra gratuita que o engenheiro Marco Juliani, diretor da IEME Brasil Engenharia Consultiva, fará no Instituto de Engenharia, em São Paulo, no próximo dia 15/10.

Durante a palestra, Juliani promete fazer um breve histórico dos critérios de projeto de arquibancadas de estádios de futebol e compará-los com as novas exigências internacionais de segurança e conforto em relação às vibrações, inclusive as impostos pela Fifa. O engenheiro vai falar sobre os métodos de adequação estrutural dinâmica: diagnóstico, projeto, execução e testes de eficiência.

O encontro deve ser encerrado por uma análise da situação dos estádios brasileiros. A IEME Brasil trabalha com tecnologia italiana de avaliação dinâmica de estruturas, que permite detectar problemas estruturais nas arquibancadas dos estádios em decorrência de vibrações excessivas da plateia. A empresa já prestou serviços para os estádios Morumbi e Palestra Itália, em São Paulo, e Maracanã, no Rio de Janeiro.

Metrô de SP supera mais um desafio

Reportagem da “Revista Brasil Engenharia – Especial Metrô 50 anos”, de autoria de Adilson Roberto Takeuti e Antônio José Caldas de Souza, trata do desenvolvimento de sistema de superestrutura amortecedor de vibrações e ruídos secundários para garantir o perfeito funcionamento dos equipamentos de ressonância magnética do Hospital São Paulo, na Zona Sul de São Paulo. A IEME Brasil participou do projeto.

Leia aqui o artigo completo.

Em cima da hora, Maracanã passa por testes de resistência

Reportagem de Tino Marcos para o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostra o monitoramento do Maracanã pela IEME Brasil com o Vibrodina.

Confira aqui a reportagem:

 

 

Em minoria, torcida do Corinthians vence duelo no estádio do Morumbi

Por: Carolina Elustondo e Leandro Canônico / Globo Esporte

Dentro de campo, o Corinthians não deu chance ao São Paulo, venceu por 2 a 0, e continua firme na luta pelo título brasileiro de 2010. E, nas arquibancadas do Morumbi, apesar de estar em número infinitamente inferior (apenas quatro mil alvinegros foram ao estádio), a Fiel Torcida foi mais barulhenta. Pelo menos foi o que mostrou o monitoramento realizado pela IEME Brasil, empresa de engenharia consultiva especializada em análise dinâmica de estruturas, que acompanhou, por meio de sensores (acelerômetros) instalados nas arquibancadas, o comportamento da torcida dos dois times.

Foram colocados quatro sensores abaixo as arquibancadas superiores dos setores 48 e 49 para os corintianos, e 36 e 37 para os são-paulinos. Para que o Timão não fosse prejudicado por ter direito a apenas 5% da carga total de ingressos, os medidores do Tricolor foram colocados para abranger apenas uma área do mesmo tamanho que a ocupada pelos visitantes.

A vibração captada pelos sensores era monitorada por Marco Juliani. Os dois primeiros gráficos na tela no laptop do engenheiro mostravam a intensidade da torcida corintiana, e os dois últimos apontavam a área são-paulina. Quando as duas equipes entraram em campo, aconteceu um índice de vibração de 355 mm/s². Porém, o pico aconteceu quando Dentinho marcou o segundo gol da partida, que garantiu a vitória por 2 a 0 sobre o rival: 455 mm/s². Quando Elias marcou o primeiro gol, na etapa inicial, o índice havia chegado a 216 mm/s².

A comparação entre os picos de vibração dos dois times mostra vantagem de 30% para a torcida do Corinthians, afirma o engenheiro da IEME Brasil, Marco Juliani. A torcida do Timão não mostrou tanta vibração na entrada do time em campo porque demorou a ser liberada pela Polícia Militar para entrar no estádio, e por isso não estava na área destinada naquele momento.

 

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São Paulo x Corinthians: corintianos atingem maior vibração do que rivais

Reportagem do jornal Lance! de 08/nov/2010.

Gol de Dentinho treme Morumbi. Em medição, corintianos atingem maior vibração do que rivais.

Perfil: Marco Juliani

Por: Bruno Camarão / Universidade do Futebol

Em meados da década de 1990, quando os principais estádios de futebol do Estado de São Paulo foram interditados por falta de segurança, o alerta de conscientização necessária foi soado. Investir em segurança e manutenção dos locais que recebiam os grandes jogos locais deveria ser prioridade dos dirigentes das agremiações e das instituições responsáveis.

Temporadas e temporadas depois, o cenário sinaliza para algumas mudanças. Muitas das quais motivadas por catástrofes, diferenças comportamentais no público torcedor e o valor econômico de se ter uma grande praça esportiva. Lá atrás, alguns já haviam percebido essa prioridade: Marco Juliani foi uma destas pessoas. Engenheiro civil formado pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP), com doutorado pela Politécnica, em São Paulo, ele esteve diretamente ligado ao processo de revitalização da estrutura do estádio do Morumbi, um daqueles fechados temporariamente durante o período.

A casa tricolor foi o pontapé inicial de Juliani na esfera futebolística. De lá para cá, à frente da IEME Brasil, empresa de engenharia consultiva, presta serviços a grandes empreendimentos do ramo, como os também paulistanos estádios do Canindé, Palestra Itália e Pacembu, além dos cariocas Engenhão e Maracanã e do Olímpico, em Porto Alegre.

Por intermédio de um equipamento chamado Vibrodina, de origem italiana, é provocada a chamada carga dinâmica em uma determinada estrutura – no caso dos estádios, nas arquibancadas e numeradas. Um sistema de aquisição de dados das vibrações e acelerômetros completa o processo. Nesta entrevista à Universidade do Futebol, Juliani fala mais detalhadamente sobre esse trabalho, a importância de se efetuar no Brasil uma metodologia de avaliação das condições estruturais dos estádios e qual a realidade às vésperas da Copa do Mundo de 2014.

Acesse aqui o arquivo em PDF.

Por que os estádios brasileiros são tão inseguros?

Muitos estádios brasileiros vêm apresentando problemas estruturais em suas arquibancadas, em decorrência de vibrações excessivas em dias de grandes eventos. Esses problemas são ocasionados, na maioria das vezes, devido a manutenções estruturais pouco freqüentes. Além disso, os estádios não foram projetados para suportar os carregamentos dinâmicos a que vêm sendo submetidos.

Na época em que foram construídos, os esforços dinâmicos induzidos pelo público eram de intensidade muito menor e de curta duração, e não como ocorre atualmente durante grandes espetáculos musicais, quando as arquibancadas devem suportar, por um longo intervalo de tempo, o impacto rítmico de uma platéia.

Mesmo nos casos em que a segurança relacionada ao colapso da estrutura estiver garantida, é necessário verificar se os níveis vibracionais estão dentro dos limites permitidos pelas normas internacionais, para que se assegure conforto ao público, evitando-se assim situações de pânico.

O Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi), por exemplo, foi interditado pelo CONTRU – Departamento da Prefeitura do Município de São Paulo que verifica e aprova as condições de segurança em edificações – no início de 1995, e passou por várias reformas desde essa data, com o objetivo de solucionar problemas estruturais em suas arquibancadas.

O São Paulo Futebol Clube, proprietário desse estádio, realizou reformas que compreenderam a recuperação do concreto das arquibancadas e a contratação de renomados consultores brasileiros que propuseram algumas alternativas que vêm sendo analisadas. Para verificar a eficiência das reformas realizadas, o São Paulo Futebol Clube contratou a empresa italiana Ismes Spa, associada no Brasil à Estudos Técnicos e Projetos ETEP Civil Ltda., da qual somos diretores, para a execução do primeiro ensaio dinâmico de vibração forçada realizado no Brasil. O trabalho foi feito em maio de 1995 e seus resultados foram apresentado pelo clube ao Contru que, em junho de 1996, liberou parcialmente o estádio.

Destinado a determinar as propriedades dinâmicas das estruturas (freqüências naturais, modos próprios de vibração, amortecimentos) e calcular os níveis vibracionais induzidos pelo público, esse ensaio consiste em fazer excitar a arquibancada através de um gerador mecânico de vibrações, denominado Vibrodina, que simula o efeito rítmico da torcida, sem a presença da mesma. Dentro do Vibrodina giram dois discos em sentido contrário, com duas massas excêntricas em cada disco, que produzem uma força centrífuga, controlada e variada gradativamente, de modo a reproduzir todas as freqüências que uma torcida transmite à arquibancada. O teste é realizado em três etapas, que correspondem à aplicação da força produzida pelo Vibrodina nas direções vertical, horizontal radial e horizontal tangencial, através do reposicionamento do equipamento no mesmo ponto.

Uma rede de 21 sensores, instalados em pontos estratégicos das arquibancadas, capta a resposta da estrutura a esta excitação e a transmite a um sistema de filtros e amplificadores que irão depurar esses sinais e arquivá-los. Este “arquivo de respostas” e processado em um software denominado ISA (Ismes Signal Analysis), que converte estes sinais em valores analisados pelas empresas associadas – Ismes e Etep Civil – responsáveis, também, pela emissão do laudo final. No caso do Estádio do Morumbi, o ensaio em um único módulo das arquibancadas foi suficiente para efetuar a análise do comportamento da estrutura, pois o estádio é composto por 72 pilares de sustentação (“gigantes”) que se repetem. Desta forma, os resultados obtidos em apenas um módulo puderam ser considerados representativos dos demais. Além de fornecer todas as características dinâmicas da estrutura, o ensaio testou uma alternativa em estudo que visava reduzir as vibrações das arquibancadas. Essa alternativa consistia em um pilar metálico situado entre o anel inferior (numeradas inferiores) e o intermediário (numeradas superiores). Desta forma, o ensaio foi realizado duas vezes: com e sem o pilar. Após 10 dias de ensaios e cálculos dinâmicos, os resultados finais mostraram que:

1) as estruturas das arquibancadas não apresentaram quaisquer deformações plásticas; 2) a alternativa que considera o pilar metálico não apresentou reduções significativas das vibrações; 3) com a lotação completa, os níveis vibracionais ultrapassam os limites permitidos por normas internacionais. Para que estes limites sejam respeitados, deverá ser obedecida a seguinte condição: ocupação total nas numeradas inferiores e superiores, que corresponde a 40.000 espectadores, e nas arquibancadas apenas um terço da capacidade, o que corresponde a mais 14.000 espectadores.

Atualmente, o estádio está liberado para a lotação máxima de 34.000 torcedores, pois o anel inferior está em obras. Outro estádio que utilizou a mesma tecnologia italiana para testar as suas arquibancadas foi o Palestra Itália, da Sociedade Esportiva Palmeiras. Com os mesmos problemas de vibrações excessivas apresentados no caso anterior, o estádio foi liberado com lotação parcial.

No Palmeiras foi necessário realizar o ensaio em cinco módulos distintos, pois as estruturas foram construídas em épocas diferentes, além de não serem repetitivas, como é o caso do estádio do Morumbi. Os resultados mostraram que partes do trecho curvo das arquibancadas apresentam níveis vibracionais superiores aos permitidos pelas normas internacionais.

Essa mesma tecnologia utilizada nesses estádios brasileiros foi utilizada pelo Ismes durante a adequação de diversos estádios italianos para o Campeonato Mundial de Futebol de 1990, destacando-se, entre eles, o San Siro de Milão, Delle Alpi de Turim e Olímpico de Roma.

Atualmente, o Ismes (Istituto Sperimentale Modelli e Strutture), considerado o maior centro tecnológico de engenharia do mundo, vem desenvolvendo serviços e pesquisas nas áreas de informática, grandes estruturas e defesa do solo e meio ambiente. Com sede em Bergamo, na Itália, o Ismes vem acumulando desde 1947 uma larga experiência na área de manutenção, monitoração automática e projetos de recuperação estrutural de túneis, pontes, monumentos históricos, estádios, barragens, obras de terra e edifícios. Entre seus principais trabalhos destacam-se o monitoramento automatizado da Torre de Pisa, da cúpula de Bruneleschi em Florença, da catedral da Cidade do México, da Humber Bridge na Grã-Bretanha, da ponte estaiada Zarate-Brazo Largo na Argentina, de 300 barragens italianas e de 11 barragens para a Electricity Generating Authority of Thailand (Egat). No início de suas atividades, o Ismes dedicou-se exclusivamente ao controle da segurança de barragens italianas para atender seus sócios majoritário, a Enel (Ente Nazionale per l’Energia Elettrica).

No Brasil, as obras executadas durante o grande impulso da construção civil, a partir da década de 50, começaram a apresentar sinais de deterioração pelo tempo de uso, ausência de manutenção, agressividade do meio e, a exemplo dos estádios, por estarem submetidas a esforços superiores àqueles para os quais foram projetados.

Estes fatos, aliados às preocupações, exigências e maior conscientização com a segurança dos usuários, levaram a Etep civil, empresa do Grupo Etep, que desde 1966 atua na área de engenharia consultiva no Brasil, a buscar a parceria do Ismes, de forma a trazer para o Brasil tecnologias largamente utilizadas na Europa e que só recentemente encontraram condições de serem aplicadas em nosso País. O objetivo principal da associação é praticar uma engenharia de prevenção e manutenção das obras existentes, proporcionando condições de utilização em bases sólidas e seguras.

Esta parceria entre o Ismes e a Etep Civil teve início em novembro de 1994, com a nossa visita à Itália para conhecer os trabalhos realizados nos estádios, barragens e monumentos italianos. Em outubro de 1995, os engenheiros Paolo Pezoli e Paolo Panzeri, diretores do Ismes e professores do Instituto Politécnico de Milão, estiveram durante uma semana no Brasil visitando os estádios de São Paulo, além de empresas e órgãos públicos nas áreas de Energia e de Transportes. Durante a visita ao Brasil, os engenheiros do Ismes participaram do “1o Simpósio Internacional de Caracterização Dinâmica e Segurança das Estruturas”, organizado pela Etep Civil no Instituto de Engenharia de São Paulo, com apoio do Ibracon. Nessa ocasião foram apresentados os problemas e soluções adotadas nos estádios italianos, bem como as principais técnicas experimentais na área de dinâmica das estruturas. A consolidação da parceria se deu com os trabalhos realizados nos estádios do Morumbi e Palestra Itália.

Atualmente, o Ismes e a Etep Civil estão constituindo uma joint venture que contará com financiamento da Comunidade Européia para a implantação de um Centro Tecnológico que se chamará Ismes do Brasil. O investimento inicial será de US$ 1 milhão e o início de suas operações está previsto para o primeiro semestre de 1997. Esse Centro Tecnológico será dotado de equipamentos especiais, como os que foram utilizados para a realização dos ensaios dinâmicos de vibração forçada citados. Além desses ensaios dinâmicos em estádios, o Centro pretende atender também outros tipos de estruturas, tais como grandes barragens, pontes, viadutos e túneis. O acompanhamento para previsão e situações de risco, quanto ao deslizamento de encostas é outra área em que o Centro, pretende atuar. Particularmente na área das barragens, o Ismes desenvolveu o software Midas, que é o sistema inteligente de monitoramento de segurança de estruturas implantado em inúmeras barragens, dentro e fora da Itália. Este sistema consiste em organizar, analisar e interpretar as leituras periódicas, manuais ou automáticas, realizadas por sensores instalados nas estruturas e fundações de uma barragem e ativar sinais de alerta em caso de situações anômalas.

A larga experiência adquirida nos quase 50 anos de existência permite à empresa italiana avaliar a eficiência da rede de sensores instalados nas barragens e redimensioná-la, caso necessário, aumentando ou reduzindo o número de instrumentos existentes. Através do sistema Midas, também é possível desenvolver modelos estáticos, que utilizam leituras realizadas ao longo da vida da barragem, e modelos determinísticos calibrados, que partem de hipóteses matemáticas relativas à geometria da mesma e das características de seus materiais. Assim, têm-se de um lado os parâmetros resultantes dos modelos teóricos e de outro as leituras, manuais ou automáticas, obtidas dos instrumentos instalados. Mediante a comparação entre os resultados, teóricos e observados, são definidos eventuais comportamentos anômalos e acionados sinais de alerta.

Além disso, esse sistema se “autodiagnostica” checando periodicamente os instrumentos, definindo, assim, se uma leitura discrepante é decorrente de alguma falha no sensor ou se é uma indicação de algum comportamento anômalo da estrutura.

Toda essa tecnologia estará disponível no Brasil, a partir do início do ano, no novo Centro Tecnológico Ismes do Brasil, que pretende atuar também em toda a América do Sul.

Eng. Liana Becocci e Eng. Marco Juliani
O EMPREITEIRO – Abril/1997 – nº 343